O Fragão do Corvo, a 1440 metros de altitude, é um miradouro magnífico na Serra da Estrela, nas Penhas Douradas, muito próximo da Vila Alzira a casa de Afonso Costa, importante político da Primeira Republica.
O Fragão do Corvo, em geomorfologia granítica, é um Tor (é um nome galês que foi usado pela primeira vez em 1955 pelas investigações de Linton no Sudoeste de Inglaterra). A origem de um Tor é o resultado da meteorização do granito num clima húmido e quente, formando um manto de alteração argilo-arenoso em redor de um núcleo de rocha mais resistente e posteriormente com o levantamento da Serra da Estrela, na orogenia Alpina e com os ambientes secos e gelados das glaciações, removeram queles sedimentos, deixando exposto blocos graníticos em forma de torre, dispostos geometricamente, respeitando sistema de diáclases graníticas.
No Fragão do Corvo vista sobre Manteigas, o vale do Zêzere e a morro de São Lourenço é soberba.
Se nos virarmos para poente, uma casa às riscas brancas e vermelhas, de telhados pontiagudos rematados a rendas de madeira, observa-nos de longe do cimo dos seus pedregulhos. No Fragão do Corvo está o refúgio de Afonso Costa para tratamento da sua doença pulmonar, (a Vila Alzira, como homenagem a sua esposa). Este foi um dos mais importantes políticos portugueses do primeiro quartel do século XX, figura tão controversa como intensa, nascido em Santa Marinha, Seia há mais de 110 anos. As Penhas Douradas têm uma história magnífica em relação ao tratamento de doenças pulmonares, com a construção, muito comovente, das suas dezenas de chalés para estadia e tratamento.
Fragão do Corvo tem uma paisagem Magnífica
A sul temos a Fraga da Cruz e a Este, mesmo a nossa frente as serranias de Espanha com Pena de Francia, Bejar e Gredos e a vila de Manteigas, onde passa o magnífico vale do rio Zêzere. Este forma um vale glaciar, que cortou encostas abruptas. Manteigas cresceu virada para o vale, para sul, e deu guarida aos pastores, aos homens e mulheres da montanha, e é uma povoação que vive ao ritmo da serra.
A NE alveja a capela de São Lourenço e o observatório rodeado de árvores gigantes e um pouco do lado esquerdo está o fabuloso Bosque das Faias que na primavera se enche de uma beleza dourada, observa-se ainda a norte os campos de cultivo de São Romão, em primeiro plano e mais ao longe os Casais de Folgosinho. Na linha do horizonte a norte pode-se identificar a cidade da Guarda, onde cessa a Serra da Estrela e que faz a transição entre a Cordilheira Central e a Meseta Ibérica.
A beleza da paisagem é indescritível e as neblinas marcam os vales de branco entre os cinzentos das serras.
No Fragão do Corvo toda esta paisagem fica vermelha e verde no outono, porque a floresta mista é composta de árvores folhosas que ficam encarnadas e de coníferas que se mantêm sempre verdes.
Os densos bosques que se observam foram plantados pelos Serviços Florestais no inicio do século XX, incluindo coníferas, bem como caducifólias, com destaque para o carvalho alvarinho (Quercus Robur) e o carvalho Negral (Quercus Pyrenaica). Estas espécies para além de reforçarem o valor paisagístico funciona como agente anti erosivo nas vertentes declivosa.
Também aqui se pode observar o observatório das Penhas Douradas que teve a sua construção inicial em 1882 no Poio Negro, a 1475 m de altura, tendo sido posteriormente transferido para onde se encontra atualmente a 1385 m. A sua construção permitiu ter em Portugal um observatório meteorológico num local privilegiado para a monitorização das massas de ar em altitude bem como para o estudo do clima de montanha.