Santuário Megalítico de Odrinhas (Menires da Barreira) (Sintra) (*)
O concelho de Sintra tem um aliciante espólio arqueológico com valor mágico e religioso, apesar de já muito ter sido destruído pela urbanização intensiva do concelho.
Um exemplo é este conjunto de menires situado no Monte das Barreiras (também conhecido por Castelo das Pedras), próximo do Museu Arqueológico de São Miguel de Odrinhas (**) e da sua vila romana.
A colina onde se encontram os menires da Barreira, tem um protagonismo focal extremamente significativo.
No alto de uma colina, no meio do arvoredo, na qual se avista largo território, em que se vislumbra o oceano Atlântico, a serra de Sintra, as colinas suaves e boleadas da região saloia até as torres sineiras do convento de Mafra, encontra-se este conjunto megalítico constituído por vários menires, de formas e tamanhos variados, distribuídos irregularmente.
São monólitos isolados ou em afloramento natural de rochas carbonatadas do Jurássico Superior (estamos muito próximos da famosa Pedra de Lioz, de que se construíram quase todos os monumentos de da região de Lisboa).
Muitos menires são apenas rochas em afloramento afeiçoadas pela erosão e pela mão humana pré-histórica que reaproveitou estes monólitos naturais, num caso claro de litolatria.
Alguns menires encontram-se desligados do afloramento estão eretos o que implica labor humana.
Os menires assim implantados tem formas ovóides e achatadas e distribuem-se irregularmente.
O conjunto aparentemente caótico pode ter alguma racionalidade com espaços regularizados intencionalmente, podendo formar assim um cromeleque, alguns menires têm covinhas mágicas/religiosas (“fossetes”).
Tenho a informação que um Obelix moderno e inculto arrancou e transportou dois dos menires (o mais alto e o que se encontrava tombado) implantando-os em frente a sua moradia, sendo hoje visíveis da estrada que conduz de Sintra a São João das Lampas.
Na casa do senhor foi efetuado uma artificialização litolátrica do seu quintal, desta vez não foram necessários centenas de homens para arrastarem o monólito mas sim uma geringonça.
Todo este santuário megalítico mereceria por parte dos nossos governantes um estudo atento e que nem seria muito oneroso, apesar de a sua reconstituição inicial ser assaz difícil e também sabendo que na área de um cromeleque ou na envolvência de menires isolados quase nunca se encontra espólio arqueológico significativo o que deixa antever neste uma zona interdita a vivência comum no Homem Neolítico.
Os menires surgiram a partir da invenção da agricultura e da domesticação de animais, é provavelmente um símbolo à fertilidade das comunidade megalíticas, talvez associada a idolatria astral e ao ciclo das estações, no que respeita a salvaguarda reprodutiva dos seres vivos, seres humanos e suas atividades agrícolas.
O lugar qualificado pelo cromeleque é um santuário, cabe assim designar este local como o Santuário Megalítico de Odrinhas.
Este conjunto foi decretado Imóvel de Interesse Público em 1993.
O concelho tem um valioso património megalítico como várias antas como:
- Monumentos nacionais: a anta de Adrenunes, a anta de Agualva, a anta de Belas e o monumento pré-histórico da Praia das Maçãs, no Outeiro das Mós.
- Imóveis de interesse público: a villa romana de Santo André de Almoçageme, a necrópole pré-histórica do Vale de São Martinho, as ruínas de São Miguel de Odrinhas, as ruínas da antiga barragem romana donde partia um aqueduto para Olisipo, ao quilómetro 16,423 da estrada nacional n.º 250, o monumento megalítico do Pego Longo, em Belas, a calçada, ponte romanas e azenha na Catribana,
- Imóveis em vias de classificação: o complexo arqueológico de Olelas, em Almargem do Bispo, o tholos da Praia das Maçãs, a villa romana de Abóbadas, em Vila Verde.
Informações adicionais do site da DGPC